No último dia da Rio+20, a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, o secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, pediu a todos os governos que eliminem a fome do mundo. Ele disse que,
em um mundo populoso, ninguém deveria passar fome.
A fase final da conferência também registrou promessas de
diferentes países e empresas em temas como energias limpas.
Mesmo assim, um grupo de políticos veteranos se juntaram a
organizações ambientalistas em sua avaliação de que a declaração final do encontro
foi o resultado de um "fracasso de liderança". Na visão do vice-primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Nick
Clegg, o resultado das discussões pode ser classificado como
"insípido".
O encontro, que marcou os 20 anos após a emblemática Cúpula
da Terra também realizada no Rio de Janeiro, em 1992, e 40 anos depois da
primeira reunião mundial sobre o tema, em Estocolmo, tinha como objetivo
estimular novas medidas rumo a uma "economia verde".
Mas a declaração que foi concluída por negociadores de
diferentes governos na terça-feira, e que ministros e chefes de Estado e
governo não quiseram rediscutir, coloca a economia verde apenas como um de
muitos caminhos rumo a um desenvolvimento sustentável.
Mary Robinson, ex-presidente irlandesa que também já ocupou
o posto de Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, disse que os termos
do documento não são suficientes.
"Este é um daqueles momentos únicos em uma geração,
quando o mundo precisa de visão, compromisso e, acima de tudo, liderança",
disse. "Tristemente, o documento atual é um fracasso de liderança",
afirmou, ecoando as declarações do vice-premiê britânico.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a
declaração não produz benefícios para a proteção ambiental nem para o
desenvolvimento humano.
"Esta divisão antiga entre o meio ambiente e o
desenvolvimento não é o caminho para resolver os problemas que estamos criando
para nossos netos e bisnetos", disse. "Temos que aceitar que as
soluções para a pobreza e a desigualdade se encontram no desenvolvimento
sustentável, e não no crescimento a qualquer custo."
O secretário-geral da ONU esperava que o encontro adotasse
medidas mais firmes para garantir que os mais pobres tivessem acesso a água,
energia e alimentos. No entanto, sua emblemática iniciativa Energia Sustentável
para Todos foi apenas citada no texto, ao invés de receber apoio enfático dos
líderes.
Esperança
Na fase final do encontro, Ban Ki-moon desafiou os governos
mundiais a fazerem mais.
"Em um mundo de muitos, ninguém, nem mesmo uma única
pessoa, deveria passar fome", disse. "Convido todos vocês a se
juntarem a mim para trabalhar em um futuro sem fome", acrecentou a uma
plateia estimada em 130 chefes de Estado e governo.
Atualmente acredita-se que quase 1 bilhão de pessoas – um
sétimo da população mundial - vivem em fome crônica, enquanto outro bilhão não
recebe nutrição adequada.
As medidas que poderiam ajudar a eliminar essa situação
incluem a redução do desperdício de alimentos – quase um terço de todos os
alimentos produzidos são jogados no lixo nos países ricos, e uma proporção
ainda maior nos países mais pobres, por razões diferentes - além de dobrar a
produtividade de pequenas propriedades.
O desafio é parcialmente baseado no programa Fome Zero,
criado no Brasil pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O anúncio de Ban Ki-moon é um raio de esperança
bem-vindo em uma conferência que foi vergonhosamente marcada pela ausência de
progresso", disse Barbara Stockling, chefe da ONG internacional Oxfam.
"Apesar do fato de que o mundo produz alimentos
suficientes para todos, há mais pessoas com fome hoje do que em 1992, quando o
mundo se reuniu pela última vez no Rio", acrecentou.
No entanto, até o momento, tudo o que há de concreto é um
desafio. Não há dinheiro nem mudanças na maneira como a própria ONU se
posiciona sobre o assunto da fome.
Em paralelo às principais negociações no Rio, empresas e
governos firmaram mais de 200 compromissos de ações voluntárias em diferentes
áreas.
Energia, água e alimentos estão neste pacote, embora a
maioria das promessas sejam de inclusão do tema desenvolvimento sustentável em
programas educacionais.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/
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